19/12/14

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apesar de o prédio onde moro ser pequeno, não conheço a cara de todos os vizinhos, motivo pelo qual ontem ia matando do coração o senhor do 3.º direito.

inquietam-se algumas almas mais atentas: como fiz isso?

ora vamos lá a ver: ia eu rua fora, a caminho do quentinho da minha casa, quando reparei que à minha frente ia um senhor com os tacões dos sapatos a precisarem de capas novas e com um saco de pão na mão, estranhei que o percurso estivesse a ser tão coincidente com o meu, mas a rua tem vários prédios... portanto, lá fui, em passo estugado e silenciosa (graças às minhas botinhas de sola de borracha). o senhor abrandou de repente e virou-se para a porta do meu prédio (que, afinal, também é dele). eu, que já ia com a chave na mão, parei com uma margem de segurança que, mesmo assim, o fez dar um salto. pelo que se seguiu a seguinte (e bonita) troca de palavras:

rita - esteja descansado, também moro neste prédio.
vizinho - ah! desculpe, é que, de repente, senti um vulto...

assumo, 1,70 mt (sem contar com o tacão das botinhas), casacão e boina pode ser assustador, mas nunca tinha pensado em mim como «vulto». resolvi não me ofender e, sempre pronta a explorar carreiras alternativas e lembrando-me da recente aventura da menina da rádio, ainda lhe disse:

rita - esteja descansado, não o ia assaltar.
vizinho - isso não, foi só o susto do vulto.

pronto, com isto fiquei ofendida: sou um «vulto». nem o vizinho do gabinete de contabilidade alguma vez me tratou desta maneira.
o que me vale é que nunca tinha visto o senhor do 3.º direito em 10 meses, portanto, devo passar outro tanto sem o voltar a assustar.

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agora que penso nisso, quem será que mora no 3.º esquerdo?