24/02/17

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depois de mais uma semana na linha de montagem, lá estava eu (trai lai lai...) pacatamente à espera que o semáforo me permitisse atravessar a avenida (trai lai lai...), distraída da minha vida, (trai lai lai...), eis senão quando umas pessoas param à minha beira e eu ouço «mas o que eu gosto mesmo é de trabalhar com mulheres, são muito mais inteligentes que os homens e eu aprecio pessoas inteligentes» (oi?!). virei a cabeça para o lado da voz, com a sobrancelha esquerda levantada (num momento genial de slow motion; só pode ser a esquerda, já que não consigo levantar a sobrancelha direita sozinha, paciência), deparei-me com um galã (apesar de ser baixo, estava muito bem apresentado ao mundo) perto dos 50 anos a tentar encantar uma jovem (estagiária?) com uns 20 e tal aninhos.
e continuava o galã, perante o assentimento subentendido da jovem «em segundo lugar, gosto de trabalhar com mulheres por serem ótimas em multitasking, conseguem pensar ao mesmo tempo em sapatos, namorado e trabalho!»
oi?!
as mulheres são inteligentes, mas a primeira coisa que lhes ocupa o espírito são preocupações com sapatos, a segunda o namorado e, residualmente, o trabalho.
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estuguei o passo, aproveitei um instante de calma no trânsito e atravessei com o semáforo ainda encarnado (trai lai lai). o raciocínio de tanga bajuladora do frágil sexo feminino estava a dar cabo de mim.


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