12/02/17

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esta rapariga foi, juntamente com duas amigas, a um concerto temático dedicado ao canto gregoriano. era de entrada livre e, à primeira vista, estava bastante desorganizado. quando chegamos à sala, já não havia cadeiras vazias, ficamos numa antecâmara, juntamente com os senhores do canto gregoriano que se preparavam para entrar, enquanto iam abanicando o incenso e intoxicando, sem misericórdia, quem ali estava pacatamente. finalmente foram cantar e abriu-se a janela para arejar. no breve intervalo do concerto, a doutora (só ouvi as pessoas a dirigir-se-se a ela desta maneira) que estava deseparadamente a tentar organizar a multidão em fúria que queria assistir a canto gregoriano sentada (ou seja, todos menos nós as três, que tínhamos decidido que a antecâmara era ótima para garantir uma saída estratégica) chega-se à nossa beira e confidencia que está desolada, porque um colega decidiu sabotar toda a sua (dela) organização e trocou a disposição das cadeiras, conseguindo subtrair 100 assentos. para confirmar, ela iria contá-las todas, uma por uma! mas não vou conseguir agora porque estava assoberbada... não faz mal, diz uma das amigas, a rita é ótima para contas e não se importa nada. foi assim que dei por mim a contar cabeças numa sala com uma média de idades à volta dos 60 anos. ia na cabeça 32 (uns 64 anos, cabelo pintado de castanho demasiado escuro e batom escarlate), quando essa senhora se vira para mim e me pediu o programa (assumindo que eu também seria uma organizadora). fui buscar o programa, delicadamente dei à senhora, recomecei a contagem. na minha metade da sala estavam 151 cabeças sentadas. a doutora da organização voltou à nossa companhia, perguntou-me qual era o meu número e, inconformada, informou que ia ver como estava a preparação do champanhe para, no final, se celebrar a música e a amizade.
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há muito tempo que não me ria com situações tão disparatadas, fiquei com a ideia que a doutora não tinha contado as cadeiras na sua metade e escapuli-me ao champanhe em copinho de plástico.

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