16/02/16

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- mas eu 'tou livre, 'tás a ver? 'tou numa relação aberta, uma união de facto, é como se chama... 'tou? 'tou? 'tás-me a ouvir?
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- ah... é do metro. 'tava a dizer que 'tou numa união de facto, por isso é uma relação aberta. 'tou? 'tás-me a ouvir?
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e eu baixei a cabeça na direção do livro, encantada com a convicção de liberdade que uma união de facto traz a um jovem com uns 20 anos. admito que ainda me diverti a imaginar que estaria a tentar convencer uma miúda do seu estado disponível, apesar de unido de facto.
realmente, uma coisa não implica a outra e, se ela for do género de gostar de lengalengas pode ter sido convencida, o rapaz repetiu este seu argumento umas 5 vezes (das que eu ouvi), apenas variando a ordem destes fatores.

de qualquer modo, dei por mim a pensar que esta sociedade mudou muito nos últimos tempos, há uns anos esta conversa ocorreria com algum recato, longe de ouvidos imaginativos, e não aos gritos, com falhas de rede, numa carruagem de metro cheia de gente.
já não há pudor nas tentativas de engate telefónico, é uma arte que se perde.

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