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havia meses que artur almoçava no mesmo café na esperança de se cruzar com uma rapariga desconhecida que, por vezes, também lá ia. olhava-a timidamente, já tinha conseguido escutar um pouco das conversas que ela tinha com as colegas, o suficiente para perceber qual o trabalho que ela fazia e o seu sentido de humor. um dia reuniu a coragem suficiente para a olhar e sorrir-lhe, ficou encantado quando ela lhe sorriu de volta, com uma dentição perfeita.
desde essa altura, nunca mais entrou naquele café. a realidade ficaria sempre aquém daquela extraordinária troca de sorrisos e preferia ficar com uma doce recordação, em vez de a deixar estragar com sentimentos banais do quotidiano.